Um curador ferido
“Não existe nenhum remédio mais eficiente, descobri, do que aquilo que Henri Nouwen chama “um curador ferido”. Bem aventurados são os que choram, pois serão consolados.”
Philip Yancey em O Jesus que eu nunca conheci
Pergunta-se muito por aí sobre a razão de tanto sofrimento e dor. A maior parte deve-se às causas conhecidas, como o pecado, tão desprezado hoje em dia, e suas conseqüências. Entretanto, Deus em sua proverbial sapiência elegeu alguns (para delírio calvinista) sofredores para o ofício sacrossanto de curador ferido. Sabe aquela história que o apóstolo Paulo descreveu como: consolando com as mesmas consolações com que fostes consolados. Deus é um judeu em potencial e, como tal, não costuma dar ponto sem nó. Cada consolação custa o preço de consolar outros em aperto, quando esses aparecerem em nosso caminho, provavelmente.
Creio poder afirmar que nunca recebi consolo consciente de alguém cuja experiência não incluísse cicatrizes na alma e no corpo. Alguns imaginam que uma temporada em algum seminário de luxo ou não pode dar alguma capacidade ministerial. Ledo engano. Aliás, quando o baiano busca experiência nesses centros, pode não ser um bom sinal. Melhor confiar naqueles que diariamente enfrentam a lide no Farol da Barra ou nas plantações de cacau. Gente capaz de lhe ajudar, de fato, tem marcas nas mãos e não milongas na língua.
A cada novo consolo, temo o que poderá atravessar meu caminho, logo ali à frente. Uma pessoa doente, alguém acaba de perder um ente querido, para a morte ou para outrem, uma falência aqui e uma injustiça danada acolá. Então me lembro de minhas próprias dores e de como fui consolado, nem que tenha sido através do silêncio do tempo ou da mais completa sensação de abandono presencial de Deus, como aconteceu a Jesus de Nazaré quando se viu pendurado naquela cruz infame dos não menos infames romanos, devidamente aprovados pelos sacerdotes judaicos.
Provavelmente, era a isso que o Mestre se referia quando disse para tomarmos nossa cruz e seguir a dele. Nada contra o saber, em muitos casos ou na maioria, extremamente necessário, mas um bom pescador se faz no mar.
Consolar com o que fomos consolados, significa repassar o que recebemos, pois nós, por nós mesmos, não temos nenhuma condição para consolar ninguém, talvez só enganar, isso sim, mas consolar mesmo, só repassando.
Dar de graça o que recebemos de graça!
Ótimo texto!
Vamos tentar pescar no mar então.
Abraço Lou
Pois é… Viva a teologia da libertação!
“Um bom pescador se faz no mar”
Meu sogro,Dr.Yoshito sabia bem o significado dessa frase, e fazia questão de demostrar isso, na quantidade de robalos que trazia pra casa e repartia com todos.