Os Pacificadores
Depois de uma semana penosa, onde arrastei os dias com suas rápidas horas sobre os ombros, já cansados, estamos no inicio de uma semana toda nova. Agora as esperanças se renovam e a pergunta que não quer calar salta do baú: Ela conterá a tão sonhada porta de saída? Fiz bem em não aceitar o convite do Fed para pregar na igreja dele, apesar da insistência quase insuportável, pois o Khalil, imprudentemente, deixou comigo vários capitulos da série e posso compartilhá-los em nossa capela. Vamos lá, tirem as bíblias das mochilas, coloquem os óculos e abram em Mateus 5: 9.
“Bem – aventurados os pacificadores, pois serão chamados filhos de Deus.”
Nosso Senhor, mestre em todos os momentos, conseguia destacar-se ainda mais quando era provocado ou diante de alguma contenda entre as pessoas com as quais cruzava. Sua competência em gerar paz onde havia guerra, amor ao invés de ódio, tranqüilidade na adversidade e serenidade aos espíritos agitados, acontecia de forma inigualável. A perfeição era tanto que ele chegava a abafar o fogo de uma contenda com um único olhar todo amoroso.
Estávamos em Moçambique, o país em guerra civil, quando chegamos ao aeroporto de Beira, Haroldo, Lou e eu, e experimentamos um momento terrível. Em poucos minutos, todas as pessoas desapareceram, as luzes foram apagadas logo que o avião com o qual viéramos levantou vôo seguindo sua viagem. Tentamos telefonar para a Valnice, mas os telefones da cidade sob bombardeios não estavam funcionando. Sem encontrá-la não teríamos onde ficar ou o que fazer. Ficamos os três com cara de paspalhos animados com o som de baterias anti aéreas ao fundo. Foi pavoroso. Estávamos com medo, mas o Haroldo estava mais agitado e vociferou: E agora, estamos ferrados! O Lou disse a ele: Vamos orar, Deus nos dará uma saída. O homem perdeu a paciência de vez e gritando respondeu: Isso não é hora para brincadeiras. Estamos correndo risco de morte. O Lou abaixou a cabeça e orou em voz alta: “Senhor, somos teus filhos e estamos aqui cumprindo a missão ordenada por ti. Nesse momento não sabemos o que fazer. Por favor, providencie uma saída imediata e acalme os nossos corações agitados”.
Por um momento, olhando perplexo para o Lou, vi o Mestre em pessoa. O Haroldo deve ter tido a mesma visão, pois agora corriam lágrimas abundantes em suas faces. Muitas vezes o Senhor apaziguou seus seguidores assim, até a voz soou igual. Então meu amigo voltou à cabine telefônica, Haroldo e eu não entendemos nada. Quando retornou, com aquele seu maravilhoso sorriso estampado na cara, disse: “Liguei para a Valnice, outra vez. O telefone tocou duas vezes e ela atendeu, neste momento está a caminho para nos buscar”.
Ela não estava em casa, mas, não sabe por que, lembrou de algo que esquecera e voltou para buscar, quando abriu a porta do apartamento o telefone tocou e era o Lou do outro lado. No dia seguinte, fomos informados pela Valnice que os telefones da cidade não funcionavam há meses.
Os pacificadores não alimentam contendas, nem mesmo as interiores, pacificam-nas e serão chamados por toda a gente de Filhos de Deus.
OPS: Ao ler esse texto não pude evitar outra emoção. Ele fala de um tempo em que vivi meu cristianismo muito mais decididamente e sem reservas. Saudades.
Leia mais em O Evangelho Segundo Khalil:
לּהּמּ
Presente.
Lou,
há de chegar ainda o tempo que você novamente olhará para o passado e se lembrará desta fase Gruta e fará uma exclamação semelhante.
Com essa, você queimou boa parte de sua cota de milagres…
Mas conta, vocês foram visitar a Valnice Milhomes pela Portas Abertas?
Abrçs,
Roger
“Pacificadores não alimentam contendas”… por outro lado, há contendas que alimentam homens, vide o pessoal da ONU no Haiti, torcendo pra paz não chegar lá, porque a “mamata” é muito boa…
Lou, até entendo o milagre telefônico mas me explica essa teofania direito, pois se o mestre aparecer por aqui vou saber que é Ele.
Pessoas desse gênero explicam qualquer teofania!
A coisa é tão estranha que, às vezes, fico me perguntado se o Khalil existe mesmo.