A marca do morro
Durante os anos de minha preparação ministerial (soa bem esse negócio) fui alçado à liderança da Congregação Batista em Morro Grande, filiada à Igreja Batista de Perdizes (cujo pastor, nessa época, era o Silas Molochenko) com direito a consagração pastoral (sem registro) e tudo. .
Assim que assumi, comecei a perceber a existência de uma doutrina peculiar ao morro, nada convencional e sem qualquer vínculo com a igreja mãe. O pessoal chamava o trem de “Consagração”. No princípio tentei descobrir do que se tratava através de perguntas simples. Não precisou muito tempo para perceber a inexistência de qualquer raciocínio elaborado e, muito menos, escrito. A melhor conclusão conseguida foi que “Consagração” seria a somatória de tudo aquilo que possivelmente Deus espera de um cristão, mas ninguém tem a menor ideia de como adquirir ou praticar e muito menos explicar.
Ao longo dos anos, constatei ainda que, embora com nomes diferentes, a marca do morro está em toda parte, pregações são realizadas, apologias pipocam em todos os níveis, dos púlpitos às TVs, dos livros aos blogs todo mundo defende a marca, mesmo sem fazer a menor ideia do que seja.
Não consigo deixar de pensar o quanto sou privilegiado. Outro dia a Ale honrou-me comparando-me ao House (personagem de uma série de TV da Universal, com ego imenso, ranzinza, esculhambado, mas charmoso e competente) e não tiro a razão dela. Veja só: tentaram me tirar de cena enviando-me ao Morro Grande (periferia violenta de São Paulo) e acabei protagonizando o surgimento de uma das mais difundidas doutrinas de nossa era. Que culpa tenho disso?
Uma coisa é certa, você precisa se consagrar mais para agradar a Deus. Nem pense em me perguntar o significado disso. Ore que Deus lhe mostrará. Se a vida não está como você gostaria, seja em qual área for, consagre-se meu chapa. Deus não acende velas para defuntos, tão pouco investe em rituais satânicos como a dança do consumo ou a música do aquecimento global. Negócio dele é assistir às viúvas pobres em suas misérias, aos órfãos e aos cativos em seu abandono desumano.
Não se iluda, viver com propósitos o levará direto para o inferno, a menos que seu propósito seja a consagração, a marca do morro. Naquele dia, só aqueles que tiverem a marca do morro entrarão na grande festa do Reino, mesmo sem ter a menor ideia do que isso signifique.
Pô Lou, eu cheguei a perder o único namorado cristão que tive, ele achou que eu não era consagrada. Ele me trocou por Jesus. Espero que Jesus tenha dado a ele aquilo que eu não dei.
Ou mato ou morro! Pensei que você ia falar do Gólgota, pelo que aproveito para repetir o que já disse: há uma cruz no fim do túnel.
Só um cara consagrado como eu para sair com uma dessas.
O importante é que só os consagrados tem unção. E ai de quem tocar em um ungido! Num consagrado, nem se fala!!
“Cruz no fim do túnel”, é mesmo ótima!
Boa sexta-feira para os grutenses, essa gente consagrada!
Pra quê esse espanto??? Tem tanta gente consagrada!!!! Tem artista consagrado, esportista consagrado, político consagrado e muitos outros.
Salvo engano.
certo dia tive uma revelação: vi a maldita serpente traiçoeira com um iphone na mão e usando adidas; tinha também uma carteira mitty. mas depois deus entrou no jardim com um nike shox e me confessou que usava shampoo carolina herrera. e deu seu recado: “que importa, o reino de deus é espiritual. e os falsificados são idênticos!”.
acordei, tomei banho e depois me consagrei. nunca mais fui o mesmo.
Consagrar a Deus somente, senão, adeus.