Deus não morreu
Nietzsche e eu nos sentimos como se ele estivesse morto. Mas nem ele e nem eu acreditamos nisso. Na verdade, o deus que morreu não é o criador do universo e da humanidade. Morto está o deus da igreja. Desde criança, o deus que me foi ensinado foi o deus eclesiástico, católico primeiro e depois protestante. Mesmo se fosse o deus ortodoxo ou o deus islâmico, ainda assim teriam me colocado na senda do deus morto.
O deus que me ensinaram não tem tempo e muito menos paciência para os seres sofridos e pouco atraentes como eu e o Nietzsche, muito menos para os endividados sem futuro com eu e as prostitutas alcagüetas que derrubam os governadores das grandes cidades, denunciando-os em troca de liberdade.
O Deus que vive e reina, aquele que se despojou de seu único filho, mesmo em face da morte e sofrimento a ele destinados, distanciou-se de todos nós. A grande prostituta escondeu-o de nós enquanto ocupava-se de seus negócios escusos. Hoje um pastor não tem tempo para a clausura, a oração e à pregação evangélica, muito menos. Gasta todo seu tempo conquistando mais um mestrado ou doutorado e debruçado na mesa de seu escritório, subjugado ao seu notebook e à sua HP 12 C, calculando se terá como manter seu império e quanto colocará em seu próprio bolso, noves fora.
Nietzsche preferiu enlouquecer enquanto eu me sinto no fio da navalha entre a loucura e a humilhação.
No entanto, muito tempo antes, milhares de anos contados, Deus advertiu-nos com a história de Oséias. Se desejarmos uma nova aproximação com o Pai de todos, basta só um ato, a saber: casar com a prostituta e suportar suas escapadas noturnas nas camas de seus amantes, enquanto cresce o nosso chifre. Ainda assim, de manhã, recebê-la com uma caneca de café quente e um abraço perdoador.
Essa é a nossa grande oportunidade de reconciliação. Quem se habilitará?
Cristo morreu por nós e nos deixou a missão de resgatar a igreja, antes mesmo de sua edificação. Legal saber que ele nunca trabalhou com a perspectiva pretensa de uma humanidade redimida por si mesma. Ele fez o trabalho sujo e apostou em nossa insuficiência crônica, enquanto pavimentava outra via por onde passariam os excluídos, os párias, os endividados e entristecidos, e numa re-edição dos exércitos de Davi, faria com esses a aliança salvadora. Esperar dos pastores e sanguessugas algum tipo de arrependimento estava fora de questão, desde aquela época.
Assim levantam-se de todos os lados as vozes dos mártires do sofrimento respaldados por suas vidas sem sorte e sem êxito para denunciar um deus morto, a fim de exaltar o Deus verdadeiro, que vive e está à espera de sua igreja real. Venham como estão, você nunca será como deveria ser.
Não é a pós-modernidade. É a força do Deus vivo, esse que Nietzsche e eu aguardamos, na loucura ou na vergonha, na pobreza ou nas sarjetas, na tristeza ou em meio às lágrimas. Bem aventurados os que sofrem, pois deles será o Reino de Deus.
Obrigada Lou por ter a coragem de nos falar assim desta forma.
Por favor continue a partilhar conosco todas estas coisas que lhe enchem a alma.
Eu fico muito agradecida.
Tenha um bom dia
Um abraço
Viviana
Viviana
Agradeço muito suas palavras e apoio. O que eu tiver será a Gruta e seus leitores, com certeza.
Sem comentários.
Certo Lou?
Não precisa de comentários.. são absolutamente desnecessários! 🙂
Vilma
Precisa sim, adoro seus comentários.
Lou, seus textos são realmente os melhores!! e de teologia de quintal eles não tem nada !…vc me permite publicar esse texto tb em meu blog http://www.verdadesnuas.blogspot.com ? (claro que com as devidas referencias). Seria uma honra para mim.
Abraços
Alice
O Concílio da Gruta liberou, pode postar em seu blog sim. Eles acham que será uma honra para nós.
Concordo com tudinho, mas ando meio sem forças pra fazer alguma coisa, pra ser bem sincera, nem sei exatamente o que devo fazer…pelo que entendi voce disse que Deus precisa de gente como nós, os engrutados, para fazer conosco uma aliança salvadora…mas eu faço o quê exatamente, além de reclamar? porque reclamar é o que eu faço de melhor…Se é preciso alguém como a bete pra exaltar o Deus verdadeiro, Lou, eu começo a ficar realmente preocupada… A frase: você nunca será como deveria ser, se de um lado liberta, por outro me assusta. Ihhhhhhh, acabo de constatar que fiz terapia…vai passando aí o número da conta pra depósito kkkkk
Bete
É isso mesmo, contentar-se com a idéia absurda que não há nada a fazer, pois o que precisaria ser feito nós não estamos a fim de fazer, bobagens como perdoar quem nos ofendeu p’ra valer, a própria igreja que nos surrupiou o verdadeiro Deus e essas coisinhas. Então fica tudo na conta de Jesus, para isso ele é o Cristo. Nossas dores são a nossa vantagem em relação aos outros, só isso, mas não nos torna melhores, apenas mais dispostos a entender o propósito divino.
Caro Lou,
muito obrigado por traduzir os sentimentos da minh´alma.
Abrcs,
Roger
Roger
Isso mostra que temos almas gêmeas (isso daria um bom nome para a próxima novela das oito), certo?
Lou
Agora foi de primeira ! Se bem que se dependesse da nossa aproximação com o Pai estararíamos todos perdidos. Graças a Ele mesmo que Ele se reaproximou de nós. Mesmo todos prostituídos.
Mas ainda acho que nós precisamos de igrejas, ainda que, como bom estudioso de Paretto, eu descartaria 80% delas logo de cara.
Às demais eu instalaria um programa de leitura e estudo permanente das 7 igrejas do Apocalipse…até aprenderem.
Abraços crentes no Deus que existe. Shmá Israel !
Ipsissima vox, meu caro Lou. O Evangelho de um século XXI.
Muito bom Lou…
Sinceridade é algo que falta no nosso meio. Meias-verdades são ditas para não criarem desconforto… desconforto esse que causaria uma real mudança…
Graças a Deus, que Deus providenciou tamanha redenção pra nós, nos aceitando, sujos, podres e maltratados,nos recebendo assim como estamos; Um grupo grande de grutenses maltrapilhos, que não podem fazer nadinha por si, mas que foram chamados ainda por cima para a missão de resgatar pessoas enganadas e desenganadas, mesmo em meio às dores e às tristezas. E tenho visto,mas tenho visto mesmo, Deus chamando especialmente esse grupo de pessoas. Amém