Pescadores de Homens
Na última semana, os convites para pregar voltaram a inundar minha caixa postal. Entre tantos, pastores na Hungria, Índia e Estados Unidos sondaram a possibilidade de me levar às suas igrejas para séries de conferências. Mas o convite que mais me sensibilizou foi de um pastor da Paraíba. Respondi a ele que não sou um pregador, apenas um simples escritor de blog. Mas ele replicou: Não! Eu vi o senhor na televisão, e atrás de si, estava Jesus. Na verdade, ele me viu no Youtube e atrás de mim devia estar o espírito do Manning, pois eu estava recitando o texto dele em português, apenas. Mas isso me emocionou e, se João Pessoa fosse mais perto, estaria lá nesta manhã, certamente, narrando a passagem de Jesus e sua escolha dos discípulos. Peque sua Bíblia, tire o pó e abra em Mateus, capítulo 4: 18 – 22. Leia, se puder.
Evangelho segundo Khalil
Naquela tarde, andávamos a beira do mar da Galiléia. Descalços, sandálias na mão, deixávamos as pequenas ondas molhar nossos pés. Jesus falava sobre seus pais e sua vida doméstica, seu aprendizado na sinagoga e até rimos a valer com o relato bem humorado que ele fez da vez em que se perdeu no templo em Jerusalém, para desespero de seus pais.
Quando chegamos ao lugar onde os irmãos André e Simão estavam limpando seu barco da pescaria daquele dia, aliás, todas as tardes nas últimas duas semanas nós havíamos caminhado até aquele ponto, Jesus parou e saudou os trabalhadores. Também eu cumprimentei os homens. Nas tardes anteriores, o Mestre perguntara-lhes sobre a pesca do dia e conversara com eles sobre assuntos triviais, mas dessa vez ele disse-lhes algo surpreendente:
– “Sigam-me, e eu os farei pescadores de homens”.
Ficamos todos perplexos, sem saber o que dizer. Muito mais do que eu, os pescadores conheciam a Jesus, desde menino e o admiravam. Fariam por ele qualquer coisa. Não foram poucas às vezes em que se envolveram em brigas para defendê-lo dos outros meninos que não compreendiam sua espiritualidade, sensibilidade e inteligência. A pesca era uma atividade de sustento, para eles e suas famílias, o barco fora do pai deles e havia todo um esquema de produção envolvido.
Naquele instante, reparei em André, ele permaneceu segurando uma das pontas da rede por longos minutos, com olhar perdido. Enquanto isso Simão moveu-se rápido, empurrando tudo porão abaixo sem o cuidado habitual, até que André se uniu a ele na arrumação das coisas. Enquanto isso, Jesus dirigiu-se a mim, lentamente. Ele tinha uma estrela do mar na mão e estendeu-a a mim. Senti que aquilo significava um sinal. Tomei a estrela e guardei na minha mochila de pele de camelo. A seguir ele repetiu olhando para mim:
– “Pescadores de homens”!
Com a companhia de Simão e André, continuamos a caminhada pela orla do mar, quando o filho do carpinteiro José viu Thiago, filho de Zebedeu e João seu irmão. Eles estavam no barco com o pai, cuidando das redes e Jesus os chamou, fazendo-lhes a mesma proposta:
_ “Sigam-me, e eu os farei pescadores de homens”.
Eles largaram as redes e o barco, no mesmo instante, com um leve aceno para o pai e seguiram ao mestre. Nesse ato, eles estavam deixando para trás toda uma vida. Seu sustento, o lugar no negócio do pai, um dos pescadores mais respeitados da região, todo conforto e segurança que isso lhes proporcionava. Agora seguiam sem saber seu destino ao certo, mas confiantes naquele que tinha a palavra da verdade. Senti que havia orgulho em seus semblantes por terem sido escolhidos por Jesus.
Pude, ainda, reparar no olhar paterno e amoroso de Zebedeu vendo seus filhos partirem para o inevitável, mas ele nem sequer esboçou qualquer palavra ou tentativa em demovê-los. Sabia que essa era a coisa certa a fazer. Então acenou de volta, dando a sua benção aos filhos.
Leia mais em O Evangelho Segundo Khalil:
Lou,
Muito obrigada por me oferecer a poossibilidade ler e sentir, este esplêndido texto.
Um bom dia para si
Um abraço
viviana
Feliz foi Paulo, que mesmo depois do chamado continuou aqui e ali fazendo suas tendas!
Viviana
Esse deveria ser o texto do domingo, claro. Mas só postei depois das 13 horas (hora local) e você só leu hoje. Perdeu o culto, que foi maravilhoso, porque Jesus derramou do Seu poder… la,la, ri,la, la…
Roger
Não se engane, Paulo era tão ou mais tolo do que nós. Ele trabalhava por ele e pelos outros missionários, para não incomodar as vítimas.
Dizem que quanto mais estudo, humildemente, mais abaixo a cabeça. Mas é que não desenvolvi um método, ainda, de ler com o livro na nuca. Na gruta leio olhando para o futuro.
Abraço
Junior
Aprendi com Davi (aquele da Bíblia) a ler na cama, deitado. Experimente, pode ajudar nesse problema. 🙂
Não sei não, mas acho que você criou um slogan para a Gruta: “Onde você lê olhando para o futuro”. Taí, gostei. Obrigado.
Legal o gancho – e pode ser também:
A Gruta do Lou – Só lê quem humilde está, pois é no escuro que vemos o futuro.
Taí o ‘velho homem’ se manifestando … hi hi …
Volney
O fato é que o atual é uma provocação, obvio, afinal não custa nada manter a chama acesa.