O Paradoxo maior
Por alguma razão desconhecida, construo mentalmente o perfil dos leitores da Gruta. Antes de mais nada, não consigo entender por que tantos. Não é nosso propósito aqui desenvolver temas cults ou culturais. Nem há grandes espectativas em termos espirituais, tão pouco. Nosso acervo reflete, prioritariamente, os estados de ânimo ou a anima de um cristão frustrado, mais parecido com uma ovelha (um carneiro, no caso) perdida da casa de Israel ou, mais propriamente, da casa do falecido Tio Cássio e do brasileiro com sotaque norte-americano Ary Velloso.
Também, pudera, quem somos nós? Seguidores de um marginal que cumpriu pena de morte, ao lado de outros dois facinoras. Boa coisa ele não fez. Até hoje, usamos a pena de morte para executar nossos companheiros praticantes de crimes hediondos. Para os crimes menores como roubar, trair, matar, sonegar, corromper, mentir, excluir, segregar, pedofilia, etc., somos mais indulgentes. Não nos incomodamos com os pais, maridos e chefes de família desempregados mendigando por aí ou fazendo servicinhos nobres, que só servem para diminuir ainda mais sua auto-estima e não lhes trazer quase nada capaz de suprir a avidez de seus familiares. Se não trabalham é porque são vagabundos, vivendo à custa do trabalho de suas mulheres e filhos. Não nos ocorreria pensar em algo como o mercado atraindo as mulheres e jovens para o trabalho a fim de aumentar seus lucros, para azar desses senhores imprudentes. Ninguém os mandou casar e constituir família. Caiu em tentação companheiro? Dane-se!
Começo a pensar nos leitores como gente de grande interesse por ler algo com cara de verdadeiro. Gente em busca de idéias capazes de tirá-los das mesmices comuns, inclusive na blogosfera. Como aqui costuma aparecer água fresca da bica, embora nem sempre, eles ficam por aí, à espreita. Provavelmente, seja um bando de gente com gosto pela leitura, se bem que em dias de textos grandes a fuga aumente. Então a foto aí, descoberta no acervo Google deve ser um retrato fiel e genérico do perfil de nossa gente. Esses loucos discípulos de marginais condenados. Não há notícias de paradoxo maior.
Todos nós temos os dedos e a língua sujas da tinta preta. E nos escondemos dos inquisitores.
Que legal Lou! Vc mencionou minha pessoa, indiretamente como “leitora do bando”, mas citou!
rs
Me lembro que entrei na Gruta pela primeira vez e comecer a ler dos mais
antigos para os mais recentes…
Durou um tempinho, mas valeu a pena, ainda não li dos anos anteriores, um dia quem sabe!
Obrigada pela água fresca e até msm os textos grandiosos- tanto no sentido referente ao tamanho quanto no sentido qualidade. É sempre bom passar por aqui!
Fds de descanso e água fresca!
Lou, o padrão da blogosfera está caindo muito e nada de piadinhas dizendo que foi depois que eu entrei para ele…
Mas é sério, muita água choca…eu já desanimei muito, sabe, eu esperava mais.
eu sou um dos que ficam à espreita, até porque gosto de ler coisa boa
Lou, quando você escreve escreve bem, nem sempre eu ai tonta do jeito que sou consigo entender mesmo a origem da coisa. Mas gosto muito de te ler.
Abracos e bom domingo
Somos todos no fim das contas buscadores da escrita realística…